janeiro de 2016

(fim de festa na casa do vovô)

Eu sempre detestei a temporada de festas dezembro/janeiro. Minha vida nunca foi badalada ao ponto de eu ser chamada pra festas cool kids da escola, minha família há anos não tem animo pra grandes jantares e meu pai, por medo da crise apocalíptica anunciada para o ano próximo, não queria saber de viagens. (Por ele, passaríamos natal e ano novo trabalhando na loja dele, evitando as barganhas das velhinhas que vão de excursão comprar tapetes). O Natal foi sem graça, e o ano novo passei com uns amigos. A parte mais legal é que um deles tirou carta, então, muito adultos como somos, após o 00:00 esquecemos completamente a tequila que a Bianca conseguiu e fomos de carro até uma parte afastada da cidade pra comer chocolate ruim vendidos a 3 reais a dúzia e explodir bombinhas enquanto proseávamos sobre nada. Que belo retrato da juventude brasileira.


todo mundo é gótico e usou preto no ano novo

Passada as celebrações, entrei em 2016 com a paranoia do terceirão. Paranoia essa tão palpável que Lívia, minha prima que divide quarto comigo aqui no meu avô disse que enquanto durmo grunho "que .. que vai acontecer.... ano.. que vemm?" ou "a.... fuvest tá chegando....".
Ano passado passei na fuvest como treineiro em humanas contra todas as minhas expectativas. 2015 fiz menos pontos e achei a segunda fase bem mais difícil. Um amigo meu saiu da prova dizendo que estava fácil, que foi bem. Acho que não existe heresia maior do que dizer que a fuvest estava fácil. Se eu fosse reitora, procuraria todos os espertinhos que comentassem algo parecido no twitter e os tiraria de qualquer lista de chamada por deboche. Mais respeito, mocinho.
O fato é que provavelmente não passarei e isso trará minha auto estima estudantil bem pra baixo. Sabe como é, quando a gente tá no ensino médio, ou se é popular, ou se é espertinho. Os professores, os alunos, nossos pais e nós mesmos categorizamos tanto as pessoas. Sei muito bem que rótulos como esse são estúpidos e que minha nota num vestibular elitista e absurdo não diz nada quanto meu intelecto, mesmo assim, me pego com uma sensação péssima de derrota ao imaginar o carimbo verde de aprovado distante da minha prova.



And that's a really fuck up thing porque vejo muito dos meus amigos se sentindo um lixo porque a nota no enem não foi boa, ou porque tal pessoa tirou 70 na unicamp e eles só 57. Naquele discurso famoso da ChimamandaAdichie ela diz que nós garotas somos estimuladas a vernos como competidoras, mas não para estudos e empregos, o que ela acha que seria uma coisa boa. Eu não acho nem um pouco que isso é uma coisa boa. É horrível que eu não tenha podido ficar feliz por esse amigo que disse que foi bem porque eu estava me sentindo um lixo por não ter ido bem eu mesma.
De qualquer forma, passei 100% das minhas férias num marasmo nunca antes visto. Quando  estava em Ibitinga, eu e Guilherme, o boy, víamos filme, tínhamos crises de personalidades e tomávamos suco de laranja, quase num ciclo onde um puxava o outro. Dias belíssimos. 
Estou hoje em Minas, na casa do meu avô, e fui dar o azar (ou sorte) de estar aqui quando todos (TODOS) os meus amigos e primos estão viajando. Ficamos o dia todo, eu e meu vô, as vezes com a companhia de tia Rose ou tia Bel, just hanging, vendo uma globozinha ou fofocando sobre a vida alheia. Meu avô é um cara fantástico. Algum dia falo dele.



Dos planos futuros, além da volta as aulas na segunda-feira próxima (</3), tenho, no dia 31, a segunda fase da seleção do UWC. É uma entrevista e não faço a mínima ideia do que me perguntarão. Como se diz "Eu tenho certeza absoluta que não existe lugar que eu pertença mais nem que algum dos outros competidores é mais a-cara-do-colégio do que eu por favor me dá essa vaga nunca te pedi nada" sem soar desesperada & louca? E dia 1 é aniversário do Gui, preciso muito comprar um presente bonitinho pra ele. 

Comentários

  1. Ana, relaxa com o vestibular. Tu vai passar, e se não passar, no outro ano passa. Tu já disse que foi bem. É força na peruca e vamo que vamo. Não vale a pena começar a se estressar além da conta com a faculdade porque tu vai ter tempo de sobra pra fazer isso quando tiver dentro dela -- e acredito no teu taco, você vai entrar.
    Beijão e boa sorte!

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