I've never seen a diamond in the flesh

Eu não sabia o que era Pandora até algumas semanas atrás. Meu guarda-roupa não possui uma peça sequer da Abercombie ou da Hollister. Os colares que uso são de ferro pintado, meus sapatos nunca ultrapassam 170 reais. O jeans que vai escola é o mesmo com que vou na festa no sábado. Não me importo em usar moedas. O que decora meu quarto são poster impressos numa gráfica por 3 reais, artigos de lojas de 1,99 e velharias. Não reclamaria caso isso mudasse, mas não faço esforço para que aconteça. Eu quero gastar meu dinheiro aprendendo idiomas, viajando pra Europa e pra América Latina, com cadernos onde eu possa escrever, com fotografia, com filmes, com arte. Eu não quero jeans de 400 reais da Lança Perfume porque a qualidade é melhor e porque vai durar mais. Eu não quero que nada dure mais. Eu quero gastar 400 reais numa noite, num show de algum sobrevivente da década de 80. Pagando para que todos os meus amigos viajam até a cidade vizinha só para tomar sorvete. Quero fazer aulas de alemão. Ou melhor: quero ir para a Alemanha e aprender enquanto gasto meu dinheiro em bares como nos filmes. Vocês falam sobre colares de diamantes, televisões, carros e casas. Eu quero falar sobre música, quero andar nas ruas aos domingos quando o sol não está forte e o vento está forte e frio, comentar Nietzsche como se eu soubéssemos alguma coisa, fumar cigarros para imitar os filmes franceses e depois dar risada de como somos bobos. Eu não quero que os outros pensem que sou rica. Nem quero ser rica. Quero ter dinheiro para poder fazer tudo que quero. Eu não ligo se pensam que sou inconveniente. Nunca me vi tão desesperada do que quando abri a torneira nos EUA e o volume d'água era suficiente para um banho. Desperdício não é pra mim. As Kardashians são divertidas, mas graças a Deus! não é a minha família.
dispenso

E, honestamente, também não vejo problema em não concordar comigo. Não acho que negar o consumismo seja uma virtude. Mesmo porque não o nego completamente. Buda falava do caminho do meio e apesar de não ser exatamente budista, acho que posso entender o que ele estava dizendo. Eu quero correr na praia, quero vestir camisetas confortáveis E bonitas. Quero conhecer YSL mas não quero ter nada deles. Talvez eu viva no vermelho porque essas coisas ou são de graça ou são way too expensive. Tem tanta coisa linda pra ver no mundo. Espero sinceramente que eu gaste todo o dinheiro que possuir, porque inflação vai ter pra sempre no Brasil e papel nunca me fez feliz. 
Dinheiro é nhê. 

Comentários

  1. "Nunca me vi tão desesperada do que quando abri a torneira nos EUA e o volume d'água era suficiente para um banho. Desperdício não é pra mim." Nunca abri uma torneira dos EUA, mas me doeria facilmente de ver água desperdiçada assim. Tudo desperdiçado me dói. Água, comida, roupa. Uso minhas coisas até não poderem mais. Acho legal poder combinar uma bolsa com o a roupa do dia, acho péssimo ter que gastar dinheiro pra fazer isso. Então tenho uma bolsa, sempre, e uso ela até que ela estrague, rasgue, fique horrível. Aí compro outra.

    Tanta coisa boa pra gastar nosso dinheiro. Bem que tu faz em pensar assim.

    Beijo!

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